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Bem mais que PornoGrafia...

quinta-feira, 12 de julho de 2007 por Dan

 


“Entrei, a porta estava aberta...” E muito mais que a porta...

Eu bem sei que o intuito do Blog não é opinar e criticar a produção dos diversos temas-colunas, mas sim dissertar sobre eles. Entretanto, tratando-se de arte, seria impossível apenas teorizar. É por isso que a partir de hoje, uma vez por mês, falarei sobre o teatro como produção, a arte feita e finalizada.



O teatro cearense, de forma alguma, deixa a desejar no que se trata de contemporaneidade, mesmo que isso seja um termo complicado de se definir no teatro. Poderíamos dizer que é um teatro experimental, um teatro que busca incansavelmente fugir de padrões e que tenta trazer para o palco elementos diversos, tornando-se um teatro pluralista. E são esses elementos diversos que enchem os olhos de quem vê as peças do Grupo Bagaceira.

Desde o começo o grupo busca uma estética cênica aliada aos quadrinhos. Seja nos tons preto e branco (como na esquete GIZ), ou com o exagero de cores (na esquete Figuras), a sensação é está diante de uma animação. E isso está, mais do nunca, exacerbado na peça PornoGráficos. O próprio nome já diz o que nos espera: uma história em quadrinhos erótica.

Quem assistiu à última peça do grupo, O Realejo, poderia esperar qualquer trabalho, menos esse. O Realejo é um encanto poético aos olhos e ouvidos do espectador, traz em cena uma história épica de amor e um lirismo emocionante. Porém PornoGráficos está no extremo oposto disso, mostrando a intensa diversidade do grupo.

“Um homem sentado à uma escrivaninha desenha freneticamente sob a luz de uma luminária. O chão está tomado por centenas de desenhos eróticos, não dá nem sequer para ver o piso de madeira. Ouve-se apenas o rabiscar do lápis no papel. Uma armação de ferro cerca o palco e o fundo é um grande pano vermelho.” Está é a cena que encontramos ao entrar no teatro. A história, assim como nas revistas eróticas, chega a parecer banal: um desenhista, o Punheteiro, um ser sexual acima de tudo, sofre a revolta de suas próprias criações. Mas o que está por trás disso está muito além...

A platéia sente-se desconfortável com a constante presença de um pênis de plástico, com as cenas de nudez e com as sombras que desenham o nu nos corpos dos atores; e muitas vezes o escape desse desconforto é o riso. As tiradas sarcásticas das personagens cospem ácido corrosivo na moral da platéia. O clima erótico, sensual e sexual transcorre em toda a peça, deixando o espectador sem fôlego ao final da peça, notando-se um leve respirar, como se ninguém o tivesse feito durante os 50 minutos de espetáculo.

Rogério Mesquita, Cristianne de Lavor e Edivaldo Batista conduzem um grande espetáculo, sob texto e direção de Yuri Yamamoto. A experimentação plástica da peça, assim como a direção, são muito maduras. Vemos em cena exercícios de movimentação teatral, o uso de quadros e, assim como nas revistas, vemos um intenso contraste entre a energia dos quadrinhos pornôs e as pausas, que nos dão margem para pensar além do sexo.

Bem mais que mostrar um sexo banal, PornoGráficos quer mostrar o que há por trás daquele universo, mostrar o que há de mais escuro no interior de todos nós: um desejo compulsivo e incontrolável, uma perversão de valores morais. E acima de tudo quer transparecer uma forte carga energética contemporânea exclusivamente teatral!



“PornoGráficos”

Teatro SESC Emiliano Queiroz - 20 Horas. Temporada: 01, 07,08,21,22, 28 e 29 de Julho de 2007 - Sábados e Domingos


"Um desenhista atormentado por sua compulsão sexual busca em sua obra saciar suas fantasias e taras. Envolvido em sua obssessão, ele vê seu desenhos tomando corpo tornando imperceptível o limite entre o real e o devaneio. "

Texto e Direção de Yuri Yamamoto
Elenco: Christianne de Lavor, Edivaldo Batista e Rogério Mesquita
Sonoplastia, Cenário e Figurinos: Yuri Yamamoto
Iluminação: Rogério Mesquita e YUri Yamamoto
Supervisão Dramatúrgica: Rafael Martins
Assistente de Direção: Paula Yemanjá
Produção: Mário Alves
Assistente de Produção: Ale Rubim
Um espetáculo do Grupo Bagaceira de Teatro



Sites relacionados:

Grupo Bagaceira: http://www.teatroce.com.br/baga.html

Caderno 3, Diário do Nordeste – Teatro:

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=450419
&
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=447582

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"Viva a palhoça-ça-ça-ça-ça": curiosidades sobre a história da música brasileira

quarta-feira, 11 de julho de 2007 por Darwin

 

Na década de 60 ainda não existia MTv, e a Record foi a primeira emissora de Tv a ter a música como principal tema de sua programação,os programas de maior sucesso eram o Bossaudade, o Jovem Guarda e o Fino da Bossa. O Bossaudade era voltado ao público mais velho apresentava números com Cartola, Pixinguinha, Noel Rosa e enfatizava o samba-canção.

O Fino da Bossa ia ao ar as Quartas-feiras 8h da noite, mostrava a Moderna Música Popular Brasileira, era liderado por Elis Regina e Jair Rodrigues. Foi um programa de grande importância pra música, pois serviu como divulgação para um novo estilo que misturava o samba e a bossa nova. Contava com grandes instrumentistas e excelentes diretores (Manoel Carlos, Carlos Manga) o programa juntava música, cinema e teatro.

Como a emissora buscava atingir o público de todas as idades aos domingos ia ao ar o Jovem Guarda, apresentado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa, esse programa marcou o auge desse estilo musical que surgiu em meados dos anos 50, quando apareceram os primeiros rocks brasileiros, tudo começou quando Cely Campello gravou uma versão de Stupid Cupid (de Neil Sedaka). Surgiram então vários conjuntos (soa mais charmoso que banda) de garagem, um deles, Os Sputniks era formado por Erasmo Carlos, Roberto Carlos, Tim Maia e outros não tão famosos. Com a ascensão da Bossa Nova o movimento perdeu espaço, mas o rock resistiu nas periferias e em 1963 surgiria um Roberto Carlos renovado cantando Splish-plash, Parei na Contramão e Calhambeque, passou a ser considerado o Rei nesse estilo, junto com ele veio o Erasmo cantando minha fama de Mau e em 1965 estreou o programa Jovem Guarda.

O programa chegava a ter 90% do ibope no horário, o estilo se popularizou e surgiam novos conjuntos a todo o momento, grupos vocais, instrumentais, duplas, enfim, uma infinidade de jovens com calças boca de sino, minissaias, cabelos alisados, roupas coloridas... O que não se pode negar é que esse movimento teve uma fortíssima influencia estrangeira que em alguns momentos se aproximou muito da cópia. O que se produzia não era realmente novo, a maioria das músicas eram versões de músicas do neo-rock inglês ou de bandas de rock chinesas, mas essa foi a maneira que o rock entrou na música brasileira.

Em um belo dia de sol Elis Regina e alguns de seus amigos conservadores do Fino da Bossa resolveram fazer um movimento contra o programa da turma da Roberto, bem, fizeram uma passeata pela “ordem e preservação da cultura nacional” parece até coisa de extrema direita conservadora, mas isso partiu de artistas aparentemente liberais, afinal era um absurdo que enquanto o Fino da Bossa que era um programa extremamente culto tivesse menos ibope e patrocínio que um programa que “tentava impor valores estrangeiros à cultura nacional”. Mas a diminuição do ibope do programa foi um problema causado pelos próprios artistas que o formavam, Elis e Jair estavam tendo problemas em suas carreira solo porque a imagem de um imediatamente era atrelada ao outro, as pessoas iam a um show da Elis e esperavam que o Jair fizesse um dueto com ela e vice-versa. Eles diminuíram as apresentações em dupla no programa e o público foi perdendo o interesse.

Os dois programas tiveram fim junto com a época de ouro da Record. O custo dos programas era muito alto e a emissora não tinha como arcar com os prejuízos dos dois grandes incêndios que destruíram boa parte dos equipamentos.

Moral da história, declarar ódio gratuito a cultura de massa não é uma boa solução, o movimento da Jovem Guarda influenciou muitas bandas interessantes do rock nacional e ainda foi parar no tropicalismo. Sem falar que Ronnie Von chegou a gravar alguns discos psicodélicos enquanto outros membros da Jovem Guarda se aventuravam na música romântica, no brega e no sertanejo. Então se você acha que falar de como funk, calypso e forró eletrônico são insuportáveis vai adiantar alguma coisa, desista! Já existem algumas bandas que sofreram influencia do funk carioca e o som que produzem é considerado o que há de mais moderno na música (Montage e Cansei de Ser Sexy por exemplo). Nossos filhos escutarão uma mistura de forró eletrônico, new metal e electro punk que vai ser insuportável para nossos ouvidos, mas será considerada a música revolucionária da época.

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terça-feira, 10 de julho de 2007 por Saulo Lima Lemos

 





A Guerra entre as Marcas





Tudo no Brasil é diferente. Não há como negar. O clima é diferente, o futebol é diferente, as favelas sao diferentes, a justiça é diferente, as pessoas são diferentes, até a política entre os comerciais são diferentes. Enquanto um comercial norte-americano “chocou” as pessoas por um garoto usar uma lata de Coca-cola como degrau para alcançar uma Pepsi, no nosso país não se pode nem sequer citar o nome de outro produto que elas já caem em cima com processos e tudo mais. Eu sei que precisamos de um pouco de ética e bom senso para saber usar “uma marca contra ela mesma”. Trata-se de uma competição e é natural essa guerra, mas isso de querer derrubar os outros, seja falando mal de um produto em um comercial, ou metendo processos por uma citação boba, não é em nada sadio.

Vamos a alguns exemplos:
  • Anos atrás a Bom Bril lançou amaciante de roupa, chamado Mon bijou, que na época tinha um concorrente. Na primeira propaganda Carlos Moreno apresentou o Mon Bijou e o concorrente, lado a lado. Os dois produtos estavam debaixo de um lenço, ele tirou o lenço de cada e apresentou ao publico os dois notificando o diferencial do Mon Bijou. Após veiculação da propaganda a concorrência entrou com uma ação na justiça e tirou o comercial do ar. Semanas depois, aparece Carlos Moreno e os dois produtos embaixo do lenço, lado a lado novamente. Ele fala, mais uma vez, das vantagens do Mon Bijou, e não tira o lenço do outro produto, dando ainda a entender que é o da concorrência e ainda fala a frase "E você não vai aparecer na televisão porque reclamou muito".Mais uma vez a concorrência entrou com ação e tirou do ar o comercial. Na terceira propaganda, Carlos Moreno está com os dois produtos embaixo do lenço e, de novo, ele retira o primeiro lenço e mostra o Mon Bijou, falando de suas vantagens, e no finalzinho ele tira o lenço do segundo e lança ao público o novo Mon Bijou com cheiro Lavanda. Estratégia que impossibilitou a concorrência de mover ação judicial contra e alavancou as vendas do novo produto da Bom Bril.
  • Outras que sempre estão brigando entre si são as marcas de cerveja. Na época do lançamento da Nova Schin, usaram o slogan “Experimenta”. Tempos depois aparece um comercial da Antarctica com um bebedor indo ao bar com um tapa ouvidos pedindo uma Boa, tendo ao fundo, mas sem som, pessoas “dizendo” Experimenta! Outra guerra, mais uma vez na cerveja, foi o troca-troca do Zeca Pagodinho nas propagandas, se não me engano de Schin e Brahma. Ele “era da Brahma, foi para a Nova Schin e voltou pra Brahma”. Sem falar da Skol dizendo que as outras bebidas são todas quadradas. Nessa briga das cervejas, já acontece algo mais aceitável. Eles não citam nomes dos concorrentes, mas deixam a entender quem são, contudo não é motivo para meter processos e tudo mais.





Não sei o que é que há com o Brasil que acham que não se pode dizer os nomes das outras marcas que já afirmar ser algo desleal e chegam a levar à justiça.

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Literatura cor-de-rosa

domingo, 8 de julho de 2007 por Beatriz Jucá

 


A busca pela fantasia e a capacidade se sonhar são os ganchos para a venda.


Os chamados romances de banca chegaram ao Brasil no século XIX, sendo traduzidos primordialmente do francês e constituídos de muitas lágrimas e dramas. Acompanhavam a valorização da beleza e doçura feminina dos contos de fadas e mostravam o homem com superioridade física, econômica e social, se tornando febre entre as moças brasileiras no final da década de 70.

Entre os fatores responsáveis por todo esse sucesso, estavam a facilidade de leitura e os preços acessíveis dos folhetos. Além disso, esse tipo de romance era a única fonte de informação, para as jovens, sobre sexo no início dos anos 80. Destinados às moças e mulheres com grandes jornadas de trabalho, os enredos sentimentais se tornaram uma espécie de escape. Eles apresentavam a elas novas oportunidades de sonhar.

Voltada mais para o lazer que para a arte, a literatura para as moças consistia na variação de um modelo de história, e não na ruptura. Era sempre uma mocinha pobre que encontrava um rapaz rico numa viagem e os dois se odiavam até se descobrirem profundamente apaixonados. Tinham também um vilão, e as cenas de sexo eram relatadas sutilmente, talvez pela época. Era sabido também que a mocinha e seu príncipe seriam felizes para sempre, mas o que importava para as leitoras era como eles conseguiriam ficar juntos.

Os romances sentimentais difundem um ideal de comportamento para que as mulheres fossem aceitas e queridas socialmente. Feiúra ou beleza artificial eram características que competiam às anti-heroínas, sempre más.

Entre as séries mais famosas dos romances de bancas, estão Sabrina (mais romântica e com sexo light), Júlia (mulher madura e independente), Bianca (casamento com humor) e as novas Mirella e Sabrina Sensual (mais apimentadas).

Se as leitoras americanas preferem expressões mais explícitas nas cenas de sexo, as brasileiras reclamam do uso de termos chulos. Elas optam por um tom mais místico nas narrações do ato de amor, o que requer um maior cuidado durante a tradução.

Ainda hoje, séries como Júlia e Sabrina vendem em torno de dois milhões de exemplares por ano e podem ser encontradas em bancas de revistas e sebos. Paralelamente, existe o sistema de trocas dos números mais antigos. O preço das edições atuais desses folhetins varia em torno de cinco e doze reais.

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