Parece que a vida é realmente um eterno retorno. Esse blog que o diga, quando parece que acabou, ele retorna. É do Rio Grande do Sul, o som que embala essa coluna. O samba-rock do cantor, compositor e publicitário Thiago Corrêa, paulista de Santo André radicado em Porto Alegre, é o nosso mote.
Thiago descobriu um violão em seu porão aos oito anos, violão com o qual inciaria sua caminhada musical. O jovem músico aprendeu as primeiras notas enquanto freqüentava um bar próximo a sua casa, ainda aos oitos anos, onde havia uma roda de samba. Com o tempo e sua assiduidade, garoto foi incorporado à banda como mascote.
O samba-rock apresentado por esse paulista é bem talhado. Como todo bom sambista, aborda o cotidiano das pessoas comuns. Retrata o conflito pessoal de um malandro brasileiro preocupado em manter sua imagem de malandro para os amigos. O conflito se estabelece quando ele percebe que tem um grande a amor a zelar. Outros personagens são retratados nas suas composições. A mulher de charme singular, capaz de conquistar todos os olhares só pelo fato de atravessar a rua voltando da praia. Soaria como uma releitura de outros poetas, mas o ambiente e eu-lírico se comportam de outra forma com o arranjo musical e com a narração da sucessão de fatos.
Além desse lado mundano e psicológico, o jovem compositor adota em suas letras uma dose ácida de ironia, atingindo as várias esferas sociais. Os “revolucionários” são um bom exemplo: acomodados às poucas informações adquiridas com a TV, juntamente à sua incoerência ao usar uma camisa com a estampa de um guerrilheiro famoso sem sequer conhecê-lo. As preocupações dos brasileiros são combustíveis para sua máquina irônica. A violência é mostrada como indiferente para quem tem seriados na TV, “alarme, grade e um pastor-alemão” e a solução para esse problema é no mínimo interessante: “Mas sinceramente penso em libertar os condenados/ E me mudar pra segurança da prisão”, mantendo um tom irônico e de afronta. Outro exemplo dessa falta de preocupação é a pouca importância dada por nós aos fatos que não interferem direta e imediatamente nas nossas vidas. Retratada nos versos: “Hoje eu vou falar o que eu tenho percebido/ Mas sei que quando acabar você já vai ter esquecido”.
Uma outra música relata a sua aproximação com o rock. A musa de Chuck Berry, Nadine [também é o nome do meio de Alanis Morissette], se encontra com o publicitário sambista. A aproximação dos estilos é definida como uma afinidade justamente pelas suas diferenças sonoras. Esse outro lado sonoro surgiu um pouco mais tarde. O trabalho de publicitário e as apresentações noturnas o levaram ao rock. O novo ambiente possibilitou ao músico emergente uma análise melhor dos comportamentos nos dois ambientes, podendo filtrar as influências consideradas relevantes por ele, juntando-as no seu samba-rock. E assim se formou o sambista-roqueiro, malandro transgressor; crítico feroz de atitudes impensadas, da preguiça de refletir, dos comodismos e dos estereótipos, sejam estes da própria música, da sociedade ou os de nós mesmos, muitas vezes involuntários.
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-Fotos: Núcleo de Imagem da ESPM/RS
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