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"Viva a palhoça-ça-ça-ça-ça": curiosidades sobre a história da música brasileira

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Na década de 60 ainda não existia MTv, e a Record foi a primeira emissora de Tv a ter a música como principal tema de sua programação,os programas de maior sucesso eram o Bossaudade, o Jovem Guarda e o Fino da Bossa. O Bossaudade era voltado ao público mais velho apresentava números com Cartola, Pixinguinha, Noel Rosa e enfatizava o samba-canção.

O Fino da Bossa ia ao ar as Quartas-feiras 8h da noite, mostrava a Moderna Música Popular Brasileira, era liderado por Elis Regina e Jair Rodrigues. Foi um programa de grande importância pra música, pois serviu como divulgação para um novo estilo que misturava o samba e a bossa nova. Contava com grandes instrumentistas e excelentes diretores (Manoel Carlos, Carlos Manga) o programa juntava música, cinema e teatro.

Como a emissora buscava atingir o público de todas as idades aos domingos ia ao ar o Jovem Guarda, apresentado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa, esse programa marcou o auge desse estilo musical que surgiu em meados dos anos 50, quando apareceram os primeiros rocks brasileiros, tudo começou quando Cely Campello gravou uma versão de Stupid Cupid (de Neil Sedaka). Surgiram então vários conjuntos (soa mais charmoso que banda) de garagem, um deles, Os Sputniks era formado por Erasmo Carlos, Roberto Carlos, Tim Maia e outros não tão famosos. Com a ascensão da Bossa Nova o movimento perdeu espaço, mas o rock resistiu nas periferias e em 1963 surgiria um Roberto Carlos renovado cantando Splish-plash, Parei na Contramão e Calhambeque, passou a ser considerado o Rei nesse estilo, junto com ele veio o Erasmo cantando minha fama de Mau e em 1965 estreou o programa Jovem Guarda.

O programa chegava a ter 90% do ibope no horário, o estilo se popularizou e surgiam novos conjuntos a todo o momento, grupos vocais, instrumentais, duplas, enfim, uma infinidade de jovens com calças boca de sino, minissaias, cabelos alisados, roupas coloridas... O que não se pode negar é que esse movimento teve uma fortíssima influencia estrangeira que em alguns momentos se aproximou muito da cópia. O que se produzia não era realmente novo, a maioria das músicas eram versões de músicas do neo-rock inglês ou de bandas de rock chinesas, mas essa foi a maneira que o rock entrou na música brasileira.

Em um belo dia de sol Elis Regina e alguns de seus amigos conservadores do Fino da Bossa resolveram fazer um movimento contra o programa da turma da Roberto, bem, fizeram uma passeata pela “ordem e preservação da cultura nacional” parece até coisa de extrema direita conservadora, mas isso partiu de artistas aparentemente liberais, afinal era um absurdo que enquanto o Fino da Bossa que era um programa extremamente culto tivesse menos ibope e patrocínio que um programa que “tentava impor valores estrangeiros à cultura nacional”. Mas a diminuição do ibope do programa foi um problema causado pelos próprios artistas que o formavam, Elis e Jair estavam tendo problemas em suas carreira solo porque a imagem de um imediatamente era atrelada ao outro, as pessoas iam a um show da Elis e esperavam que o Jair fizesse um dueto com ela e vice-versa. Eles diminuíram as apresentações em dupla no programa e o público foi perdendo o interesse.

Os dois programas tiveram fim junto com a época de ouro da Record. O custo dos programas era muito alto e a emissora não tinha como arcar com os prejuízos dos dois grandes incêndios que destruíram boa parte dos equipamentos.

Moral da história, declarar ódio gratuito a cultura de massa não é uma boa solução, o movimento da Jovem Guarda influenciou muitas bandas interessantes do rock nacional e ainda foi parar no tropicalismo. Sem falar que Ronnie Von chegou a gravar alguns discos psicodélicos enquanto outros membros da Jovem Guarda se aventuravam na música romântica, no brega e no sertanejo. Então se você acha que falar de como funk, calypso e forró eletrônico são insuportáveis vai adiantar alguma coisa, desista! Já existem algumas bandas que sofreram influencia do funk carioca e o som que produzem é considerado o que há de mais moderno na música (Montage e Cansei de Ser Sexy por exemplo). Nossos filhos escutarão uma mistura de forró eletrônico, new metal e electro punk que vai ser insuportável para nossos ouvidos, mas será considerada a música revolucionária da época.

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“"Viva a palhoça-ça-ça-ça-ça": curiosidades sobre a história da música brasileira”

  1. Blogger Beatriz Jucá disse:

    Amei o texto, Darwin!
    Lembrei exatamente de você falando sobre Calipso ter 'inventado'um novo estilo de música. Eu realmente não curto, mas olhando pelo mesmo ângulo do teu texto...

    Parabéns!

     

  2. Anonymous Anônimo disse:

    Belo texto, gostei bastante. Parabéns.

     

  3. Blogger Marina Rosas disse:

    Muito bom o texto Darwin!
    Odeio quando as pessoas falam que o que vem de fora é ruim por que quer nos dominar ou que o que é feito aqui não presta por não ter tanto investimento como lá fora.
    Seu texto fala sobre apreciar as música sem preconceitos e eu acho que é isso que deve ser feito.

     

  4. Blogger Roger Pires disse:

    eu acho q cultura está mt relacionada com DIVERSIDADES.
    a cultura é formada por várias coisas, as vezes bem diferentes umas das outras.
    Eu convivo bem com o funk , o forro , enfim...

    apesar de eu nao gostar t , acho que é uma forma musical q tem seu valor tb!

    ótimo texto

     

 

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