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Literatura Infantil

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Por Sarah Coelho
“O contato com textos recheados de encantamento faz-nos perceber quão importante e cheia de responsabilidade é toda forma de literatura. A palavra literatura é intransitiva e, independente do adjetivo que receba, é arte e deleite.”

A lembrança da primeira vez em que tentei descrever a poesia que o hábito da leitura trazia à minha vida vem carregada de um tanto de frustração. Eu vivia os meus 10 anos e participava de uma promoção chamada “Ler é um grande barato, por quê?”. Boa pergunta. Como alguém que só tinha lido livros para crianças poderia responder a esse questionamento?

O fato é que a procura por esta resposta rendeu-me tardes inteiras de raiva do Lobato e seu faz-de-conta. Mas em uma dessas, é que percebi que era exatamente a possibilidade de sentir aquela raiva que tornava a minha leitura prazerosa. As minhas vivências no “sítio do pica-pau amarelo” e o relacionamento estabelecido por mim com seus personagens eram reais, palpáveis e distintas da das crianças que outrora possam ter lido aquelas mesmas linhas. Eram minhas. E eu tinha algo a dizer sobre elas.

Fiz o texto e estava confiante, mas papai esqueceu-se de colocá-lo no correio e por isso não ganhei a promoção.

Hoje, anos depois, venho falar a vocês não da impossibilidade de ter concorrido aquele prêmio, mas do instrumento que naquele instante tornou-me capaz de descobrir a validade de mergulhar nas histórias e ensinamentos trazidos pela leitura: A literatura infantil.

A designação infantil faz com que esta modalidade da literatura seja considerada ‘menor’ por alguns, infelizmente. Mas para quem estuda o desenvolvimento da criança é clara a função pedagógica e didática que, exatamente por reconhecer a criança como um ser diferente do adulto, com necessidades próprias, a Literatura Infantil tem.

“Nos contos de fadas, por exemplo, o maniqueísmo que divide as personagens em boas ou más, belas ou feias, poderosas ou fracas, etc. facilita à criança a compreensão de certos valores básicos da conduta humana ou convívio social”.

Esse caráter de ensino também é encontrado nas fábulas, que têm por objetivo transmitir moralidade, onde o ‘certo’ deve ser copiado e o ‘errado’ evitado.

Os livros infantis também estimulam a criatividade, tão bem representada pelo fantástico. Oferecer às crianças a possibilidade de “imaginar” coisas diferentes das que lhe são impostas é algo importantíssimo! A coleção de contos árabes “As Mil e Uma Noites” ilustra tudo isso.

“A história conta que, durante três anos, moças eram sacrificadas pelo rei, até que já não havia mais virgens no reino, e o vizir não sabia mais o que fazer para atender o desejo do rei. Foi quando uma de suas filhas, Sherazade, pediu-lhe que a levasse como noiva do rei, pois sabia um estratagema para escapar ao triste fim que a esperava. A princesa, após ser possuída pelo rei, começa a contar a extraordinária ‘História do Mercador e do Efrit’, mas, antes que a manhã rompesse, ela parava seu relato, deixando um clima de suspense, só dando continuidade à narrativa na manhã seguinte. Assim, Sherazade conseguiu sobreviver, graças à sua palavra sábia e à curiosidade do rei. Ao fim desse tempo, ela já havia tido três filhos e, na milésima primeira noite, pede ao rei que a poupe, por amor às crianças. O rei finalmente responde que lhe perdoaria, sobretudo pela dignidade de Sherazade. Fica então a metáfora traduzida por Sherazade: a liberdade se conquista com o exercício da criatividade.”

E, por fim, devemos ressaltar que a Literatura Infantil inicia o homem no mundo literário, sendo utilizada como instrumento para a sensibilização da consciência, para a expansão da capacidade e interesse de analisar o mundo.

É isso. Espero que de agora em diante novos olhares possam ser lançados a Monteiro Lobato e seu sítio; Irmãos Grimm e sua chapezinho; Enid Blyton e seus pequenos detetives; Hans Christian Andersen e seu patinho; ou Ziraldo e seu menino maluco.

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“Literatura Infantil”

  1. Blogger Beatriz Jucá disse:

    Quando eu comecei a ler o texto, fui retransportada para aquele universo mágico que eu visitava, durante a leitura, quando era criança. Gostar de ler, para mim, era de certa maneira tornar sonhos em realidade, onde eu sempre poderia ser a princesa, a fada, a moça boazinha que vencia no final, apesar da crueldade das pessoas grandes.
    Assim, eu acredito mesmo que a leitura seja uma coisa imprescindível na infância. Afinal, ela não nos ensina somente a sonhar, mas a ver o que tá errado, a querer mudar o mundo um dia.
    Gostei bastante do texto, Sarinha! Parabéns pela sua estréia como autora cativa desta coluna! :)

     

  2. Blogger Darwin disse:

    quando eu era criança não entendia muito bem essa insistência dos meus pais em sempre me dar livros de presente, hoje agradeço muito, cresci tentando imitar o menino maluquinho e ainda bem que deu tudo certo(eu acho), ótimo texto Sarinha! lembrar da importância da literatura infantil é fundamental em uma sociedade de poucos leitores como a nossa!

     

  3. Blogger Maria Laura disse:

    Bem, querida. Lendo seu texto, é impossível não me reportar ao passado e lembrar de meu amigo Menino Maluquinho, primeiro título que li aos 6 anos. Depois vieram Emília, Narizinha, Pedrinho e sua turma! Sem contar a passagem pelas princesas que tanto me faziam sonhar com um 'Princípe Encantado'.

    Como diz Caetano: 'Como comove a lembrança de um tempo feliz, em que ouvimos cantar "Roda Pião, Bambeia Pião"'.

    A gente consegue imaginar nitidamente, no comecinho do texto, o quê você descreve, e o seu sentimento ao fazê-lo. Uma maravilha!

    Um ótimo tema para um fim de domingo. Lembrar das criaças e de seus sonhos e fantasias, tras tranquilidade à alma.

    Beijos e sucesso na coluna!

     

  4. Anonymous Anônimo disse:

    O começo do texto está envolvente; entretando, há uma mudança na direção, e o leitor acaba ficando meio perdido. O uso de muitas citações acaba desvalorizando a boa escritora que você é. Parabéns e continue neste caminho!

     

  5. Blogger Marina Rosas disse:

    olha aí a Sarah! mandou muito bem viu?!

    gostei do toque pessoal do texto, ficou sincero e bem envolvente. eu consegui até imaginar vc pequenininha quebrando a cabeça pra particpar da promoção e brigando com teu pai pq ele esqueceu de colocar a carta no correio!

    o tema tbm foi muito bem escolhido, pq a literatura infantil é uma das mais importantes (ao meu ver) pq inicia as pessoas no fantástico mundo dos livros!

     

  6. Blogger Marionete Saude disse:

    Estava aqui lendo este artigo e pensando que é exatamente o que eu sentia em relação a este mundo do "faz-de-conta" da literatura infantil.
    Está muito bem feito e conseguiu me transportar para a minha vida escolar e quando veio o gosto pela leitura.
    Ouso escrever histórias infanto-juvenis para serem contadas com marionetes.
    Também estou adorando fazer uma exploração por este Blog e com calma vou me envolvendo mais e mais.
    Aproveito a oportunidade para fazer um convite a vc e a todos os seus admiradores para visitar o meu Blog Livro Animado-Livro Encantado, um Projeto da Marionete e Saúde - Brasil.
    Lá encontrarão muitas idéias para trabalhar com marionetes. Quando entrar no Blog não deixem de participar do Jogo Teatral de Animação contando um versinho da História.
    http://marionetesaude.blogspot.com/
    Abraços

     

 

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