O melhor da arte, seja ela qual for, é apoderar-se de técnicas, formas, materiais e outros meios para crescer e inovar-se. Considera-se o teatro como a síntese dos elementos artísticos. Sendo assim, a literatura é, provavelmente, o elemento mais sugado de todos. Tornou-se comum a arte do adaptador, que transforma o texto literário
em dramaturgia. A mente do artista é um ferver intenso, e ao ler, seja qual for o tipo de texto, o artista eleva as palavras do papel e as transforma em cena em sua imaginação. Assim, fez-se crescer essa prática tão constante e tão enriquecedora no teatro: adaptar.
O romancista lida com a narração e o poeta com os versos, mas o veículo do dramaturgo é o diálogo. Aqueles também podem valer-se do diálogo, mas não em absoluto. Drama, etimologicamente, significa ação. O dialogo por si próprio não constitui ação, sendo assim as falas não sustentam isoladamente a peça. É na passagem da narração para a fala que entra o grande desafio do adaptador. Ele tem a difícil missão de desenvolver o conflito e o enredo, que no romance são expostos por um narrador, apenas sustentados em falas.
Acredito que arte é algo cíclico, nela nada se cria e nada se perde: tudo se transforma. E por isso essa constante renovação, recriação e adaptação de tudo. Contudo, essa disseminação da arte de adaptar pode ser banal. Há muitas vantagens quando se traz a trama de um livro para o palco, mas alguns podem achar que essa é uma tarefa fácil, e pecam nessa mudança de linguagem. “O diálogo teatral requer um encadeamento próprio, porque deve ser transmitido pelo ator. Sua matéria, na boca de um ser humano que o pronuncia, visa criação da personagem. No transcurso do espetáculo, instaura-se o universo teatral por intermédio da ação de personagens em cena”. O teatro é uma outra forma de linguagem, e é preciso pensar no texto de forma teatral, porque senão se perde ou a literatura ou a encenação.
Na peça as meninas o diretor e adaptador do texto, Lucas Sancho, utilizou de uma metáfora usada no próprio livro de Lígia Fagundes Teles. A idéia de que as três meninas seriam como as três pontas da base de triângulo foi trazida literalmente para o teatro, sendo o cenário um triângulo e cada uma em sua ponta. Mas no momento que um desses lados cai tudo se desmorona. Na peça A Casa o espectador é envolvido por uma ótima interpretação e um show de luz e som, contudo a peça falha um pouco na adaptação. No romance de Natécia Campos a personagem, a casa, apenas expõe os acontecimentos vistos por ela, mas na peça a personagem também toma partido destas. A narradora apresenta, em suas expressões, sentimentos com os personagens. O espetáculo é, sem dúvidas, muito bom, mas pensando na obra literária pecaria nesse ponto. Mas cabe ao espectador e leitor desfrutar daquilo que lhe é oferecido. Sendo assim, vocês podem analisar trabalhos de adaptações da literatura para o teatro que estão em cartaz nesse mês de junho. Segue abaixo as informações:
As Meninas, Grupo Cabauêba.
Adaptação do romance de Lídia Fagundes Teles por Lucas Sancho.
Sextas de junho (8, 15, 22 e 29) e julho (13, 20 e 27), 20h - Teatro Sesc Emiliano Queiroz. Sem informação de preço.
A Casa, Grupo OUSE!
Adaptação do romance de Natécia Campos por Jadeilson Feitosa.
Sábados e Domingos de junho (exeto nos dias 02 e 03), às 17h no Teatro Dragão do Mar. Entrada: R$10,00/ 5,00.
O Guarani, Grupo OUSE!
Adaptação do romance de José de Alencar por Jadeilson Feitosa.
Sábados e domingos de junho, às 20h no Teatro Paurilo Barroso (Christus Anexo). Gratuito.
Esses dois últimos espetáculos fazem parte do projeto VESTEATRO, idealizado há 10 anos pela arte-educadora Nazaré Fontenele. O projeto traz em cena adaptações dos livros indicados para o vestibular da Universidade Federal do Ceará.
Marcadores: Daniel Bandeira, Teatro
Escritor por Dan,
quinta-feira, 31 de maio de 2007.
Deixe aqui a sua opnião.
quinta-feira, 31 maio, 2007
Daaan! Concordo com você. O teatro é o que é pelo diálogo, principalmente do diálogo feito com o espectador.
Gosto muito dos seus post, uma linguagem tão envolvente e artística como uma própria peça de teatro =x
Bjooo amigoo! #)
quinta-feira, 31 maio, 2007
adaptações são sempre complicadas, mesmo sabendo que são linguagens diferentes sempre fico reclamando das diferenças entre livro e filme, entre livro e peça, entre peça e filme...mas não dá pra ser tudo igual... e por mais que isso pareça contraditório também acho essa diferença interessante, ver com outro olhos algo que você gosta...
vlw pelo post
=D
quinta-feira, 31 maio, 2007
Dá até vontade de ser pai dessa larva...
quinta-feira, 31 maio, 2007
Primeiramente, adorei o texto. Você escreve de um jeito envolvente e preciso.
Quanto à pauta da vez, eu acho que teatro e literatura são algumas das várias formas de comunicação e cada uma delas mostra uma impressão diferente sobre um mesmo enredo. Eu acho que isso também se torna interessante, sabe? É comos e fossem duas pessoas diferentes. Dificilmente elas contariam a mesma história de um jeito igual. Claro que isso é uma faca de dois gumes, uma vez que pode decepcionar o expectador com a impressão diferenciada.
Parabéns mesmo, moço Dan!
Beijo grande e continui assim!
quinta-feira, 31 maio, 2007
Tenho até vergonha d comentar alguma coisa oh ... num tenho conhecimento suficiente pra dizer muita coisa naum ...
heheheheheh
Primeiramente: o texto em si, como o outro, excelente ... bela linguagem ... excelente texto!vc escreve bem parcero ... agora sobre o conteudo ... num tenho muito a falar naum ... um leigo como eu eh mió naum se pronunciar ...
heheheheheheh
depois d alguns meses lendo aki sua coluna ... ai eu posso arriscar alguma coisa ...
heheheheheheheeh
quinta-feira, 31 maio, 2007
Já lhe disse tudo o que achei sobre o texto. Ainda têm uns errinhos de escrito que poderiam não estar se você tivesse relido com atenção, Dan. Sobre adaptação... Bem, não é qualquer um que sabe fazer; por isso, muito me amedrontam as barbaridades que virão este ano com todo mundo adaptando livros do vestibular. Infelizmente não é pelo trabalho e dedicação de criar, e sim pelo fácil público que poderão ter. Ai, Deus! Mas, enfim...
E eu estou ansioso pelos próximos textos. ;D
sexta-feira, 01 junho, 2007
Adaptação cênica...
eu acho que realmente há diferenças em uma adaptação, afinal , se fosse tudo igual teria graça?!
Acho válido os outros olhares inseridos nas adaptações.
*mt bem escrito
sexta-feira, 01 junho, 2007
mto bom o texto daniel!
é o mais artista daqui, por isso seus posts sempre tem uma sensibilidade aguçada!
particularmente acredito que a grande vantagem das adaptações é a divulgação do original! se algo merece ser recontado é porque alguém achou bom o suficiente para fazê-lo!
sábado, 02 junho, 2007
daniel!
valeu cara! soh tou comentando agora pq eu sou rapido pra ler.. hehe
mas tah mto bom.. como eu jah tinha dito.. sao sempre mais opcoes pro fds ;D
expôs bem oq seria uma adaptacao para o teatro.. e ainda deu exemplos tah massa msm!
abraço!
domingo, 03 junho, 2007
Hum.. por ser uma adaptação, esta virá carregada da visão do adaptador, isso é lógico! Ou seja, a opinião dele, que pode ir contra ou não a opinião dos outros!
Bom texto, Dan! E assim.. amei a foto do teu msn ,)
domingo, 03 junho, 2007
um... o texto ta muito massa... uns pensamentos legais...
E em relaçao a adaptação sou mais a favor do diretor não ser totalmente fiel ao livro, pq ele acabaria sendo uma copia do autor, e nao estaria acrescentando muita coisa a cultura fazendo uma cópia.
essa minha opniao, q pode ser diferente d outras...
agora vo esperar o proximo post :D
abraço aew mah..
segunda-feira, 04 junho, 2007
Essa questão de adaptação é bem interessante não só no teatro, mas no cinema também. São tantas adaptações mal feitas que acabam esquecendo o lado literário para aderir aos moldes americanizados dos filmes comerciais. De qualquer forma, é inegável que muitos filmes são melhores que os livros, ou até mesmo vice-versa. O que é importante perceber é que seja no teatro, na literatura ou no cinema, a linguagem assumida acaba tendo suas particularidades e é nisso que a crítica deve bater. A partir do momento que uma adaptação não seja tão satisfatória, mas tenha boa linguagem cinematográfica e um roteiro pelo menos mediano bem lido pela direção, não tem muito o que tirar os méritos. De qualquer forma, ainda prefiro uma obra original do que as adaptadas. Enfim, já falei demais. uaihouiahioaa
Adorei o texto, geminiano! ;)